Oficina Pan-Amazônica Foca na Gestão Colaborativa de Recursos Naturais e Territórios

Encontro de três dias em Manaus reúne pessoas da Pan-Amazônia para refletir sobre aprendizados das colaborações bem-sucedidas em conservação biocultural entre povos locais, governo e parceiros.

A terceira oficina do projeto ‘O Poder das Conexões’ acontecerá em Manaus, Amazonas, Brasil, de 1 a 4 de setembro de 2025. O evento reunirá povos indígenas, líderes comunitários, pesquisadores e representantes de governo, ONGs, organizações de base e do setor privado para refletir sobre estratégias de gestão colaborativa em toda a região amazônica. Esta oficina tem como objetivo compartilhar lições aprendidas de iniciativas inovadoras na região, trocar ferramentas práticas e abordagens que colocam Povos Indígenas e Comunidades Locais no centro, além de construir comunidade entre praticantes de gestão colaborativa.

Nas últimas décadas, a conservação comunitária e a gestão colaborativa surgiram como respostas mais inclusivas e eficazes às limitações dos modelos de conservação de cima para baixo. Essas abordagens reconhecem os povos indígenas e tradicionais como guardiões essenciais de seus territórios e que criam mecanismos em que responsabilidades, benefícios e tomadas de decisão são compartilhados entre comunidades, governos e outros atores. A oficina em Manaus busca analisar essas experiências em profundidade. Participantes discutirão práticas bem-sucedidas, avaliarão as condições que as possibilitaram e identificarão princípios e ferramentas para orientar futuras iniciativas de conservação e sociobioeconomia na Pan-Amazônia. 

“O manejo colaborativo da biodiversidade é central para as discussões atuais sobre sociobioeconomia”, explicou João Campos-Silva, cofundador do Instituto Juruá no Brasil e co-líder temático da oficina. “Esta oficina é especialmente relevante porque eleva as necessidades e soluções que emergem da base. Ouvir os protagonistas locais é essencial para orientar a ciência e a política de maneiras que realmente reflitam as aspirações dos povos indígenas e das comunidades locais.”

Para Galo Zapata-Ríos, Diretor Científico da WCS Equador e co-líder temático da oficina, o encontro representa um momento único de aprendizado e solidariedade regional. “Esta oficina responde a desafios urgentes, incluindo a exclusão histórica de Povos Indígenas e Comunidades Locais da tomada de decisão e a escassez de ferramentas adaptadas a diversos contextos culturais. O intercâmbio de experiências nos permitirá identificar princípios comuns e estratégias úteis que podem inspirar novas iniciativas. A longo prazo, esperamos consolidar modelos de gestão colaborativa que sejam sustentáveis, equitativos e culturalmente significativos.”

A professora Karen Kainer, da Universidade da Flórida e uma das coordenadoras do projeto, destacou a visão mais ampla por trás da iniciativa. “Comunidades indígenas e rurais tradicionais são atores fundamentais na conservação da biodiversidade em toda a Bacia Amazônica. Cada vez mais reconhecidas como guardiãs legítimas das terras e cursos d’água que habitam, essas comunidades desenvolveram formas inovadoras de co-gerir seus territórios com governos e outros parceiros.”

Para Ana Luiza Violato Espada, pesquisadora de pós-doutorado no projeto, “gestão colaborativa refere-se a um processo em que múltiplos atores negociam conjuntamente para definir responsabilidades-chave de manejo, direitos e benefícios sobre uma área ou conjunto de recursos naturais. A oficina em Manaus será particularmente relevante, pois criará um espaço para discutir como atores de diferentes países amazônicos idealizam e implementam o manejo colaborativo em seus territórios, tanto para conservar recursos naturais quanto para promover o bem-estar comunitário.”

A oficina em Manaus não apenas destacará casos concretos de iniciativas de gestão colaborativa, mas também criará espaços para novas alianças e coalizões intergeracionais que impulsionem a proteção dos povos que salvaguardam a região. De fato, para Maria DiGiano, Oficial de Programa da Iniciativa Andes-Amazônia da Fundação Gordon e Betty Moore, o encontro será uma oportunidade de focar em esforços centrados nas pessoas voltados à conservação da Amazônia: “Ao participar desta oficina, lembro que a maior força da Amazônia são as suas pessoas. Esses encontros criam espaço para conectar além das fronteiras, compartilhar ideias e construir soluções coletivas que honrem tanto a biodiversidade quanto o bem-estar comunitário”, afirma.

Mais informações sobre o projeto: https://amazonconservationconnections.com/pt-br/.
Este projeto é financiado pela Fundação Gordon e Betty Moore por meio do Grant GBMF13270.

Sobre o Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD)
A missão do Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD) é conectar teoria e prática para promover a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de recursos naturais e o bem-estar humano nos trópicos e além. O TCD é um programa de pesquisa e formação do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida, com 10 professores permanentes e aproximadamente 100 docentes afiliados em todo o campus. O programa tem uma longa trajetória de colaboração com organizações parceiras na Amazônia e de apoio a redes de profissionais de conservação comprometidos com o desenvolvimento sustentável.

Sobre a Fundação Gordon e Betty Moore
A Fundação Gordon e Betty Moore promove descobertas científicas, conservação ambiental e o caráter especial da região da Baía de São Francisco. Desde 2001, sua Iniciativa Andes-Amazônia ajudou a conservar mais de 400 milhões de hectares na Amazônia. Até 2031, a iniciativa pretende garantir que 70% do bioma amazônico (cobertura florestal) e os ecossistemas de água doce que o sustentam estejam sob gestão e conservação eficazes.

Visite Moore.org e siga @MooreFound para saber mais.

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