O Poder das Conexões: Terceira Oficina Promove a Liderança Indígena e de Comunidades Locais na Gestão Colaborativa na Bacia Amazônica

Várias vozes de toda a Bacia Amazônica se reuniram para o terceiro evento da série de oficinas do projeto O Poder das Conexões, com foco no fortalecimento de lideranças indígenas e local na gestão colaborativa de recursos naturais e de territórios.

Trinta participantes representando oito países – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Estados Unidos – se reuniram na primeira semana de setembro para a oficina Gestão Colaborativa Centrada em Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs). Durante três dias, lideranças indígenas e comunitárias, representantes governamentais e de organizações não-governamentais (ONGs), pesquisadore/as e atores do setor privado trocaram lições, desafios e inovações sobre questões que vão desde acordos de pesca e gestão madeireira até conservação da vida silvestre, manejo integrado do fogo e iniciativas de gestão territorial. 

A oficina criou um espaço único e inovador no qual diferentes países, setores e sistemas de conhecimento se envolveram diretamente. Reunir associações comunitárias, agências nacionais, organizações internacionais e instituições acadêmicas em torno da mesma mesa ofereceu uma oportunidade ímpar para definir prioridades e construir visões compartilhadas para o futuro da Amazônia.

“Eu costumava pensar que o nosso trabalho tinha pouco valor, mas quando vi o mapa e a diversidade de pessoas e países, percebi que não estou sozinha”, disse Ruth Marilin Buchapi Velasco. Ruth, também conhecida como Marisita, é Diretora Técnica responsável pelo Monitoramento e Acompanhamento Abrangente no Conselho Regional Tsimane Mosetene – Pilón Lajas, Bolívia.


Foto: Participantes discutem atividades de gestão colaborativa durante a oficina.

 

Destacando a importância das abordagens econômicas que protegem as florestas, Jenny Paola Gallo Santos, do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, afirmou: “Nosso foco é afastar-nos do desmatamento e, em vez disso, reconhecer que a floresta vale muito mais em pé, por meio do uso sustentável, com base na comunidade, de produtos madeireiros e não madeireiros”.

Marco Antonio Albornoz Castro, diretor do Centro de Pesquisa e População Rural da Bolívia (CIPCA), acrescentou reflexões do trabalho de sua organização, demonstrando que a produção mecanizada de arroz não era viável na Amazônia boliviana setentrional, ao mesmo tempo em que mostrou como a colheita de castanhas da Amazônia e outros produtos não madeireiros proporcionam fontes de renda sustentáveis. Suas pesquisas moldaram diretamente políticas que protegem as florestas e os meios de subsistência locais.

 


Foto: Jenny segura seu cartaz que revela reduções simultâneas no desmatamento com o aumento do protagonismo comunitário na Colômbia.

Participantes enfatizaram coletivamente que a gestão colaborativa não é um modelo único, mas uma prática viva moldada pelos contextos de diversos povos e territórios na Amazônia.


Foto: Três dias de intensa troca de conhecimentos no coração da Amazônia brasileira.

Katan Jua Tuntiak Patricio, do Equador, explicou: “A gestão colaborativa é uma inovação, uma forma de aprendizagem mútua. Ela integra conhecimentos, experiências e instituições para que possamos evoluir e nos adaptar a soluções coletivas”. E a gestão colaborativa já está produzindo resultados tangíveis com base em fatores-chave que sustentam o sucesso:

  • Reconhecer e valorizar o conhecimento tradicional em igual medida com as ferramentas científicas;
  • Garantir os direitos de território como base para uma governança eficaz; e 
  • Manter parcerias de longo prazo baseadas na continuidade, equidade e respeito mútuo.

Participantes da oficina apresentando seus pôsteres sobre as iniciativas de gestão colaborativa em suas comunidades e organizações.

Um dos participantes da oficina afirmou: “Vim ansioso para aprender sobre outras experiências e expectativas, também para compartilhar, e acho que foi isso que aconteceu durante toda oficina. Trocar ideias e experiências com pessoas que estão na área, fazendo o trabalho”. A série de oficinas do projeto ‘O Poder das Conexões’ continua a fortalecer a colaboração transfronteiriça entre lideranças indígenas e locais, promovendo esforços para proteger as florestas, os rios e as comunidades da Amazônia para as gerações futuras.

Mais informações sobre o projeto: https://amazonconservationconnections.com/pt-br/. Este projeto é financiado pela Fundação Gordon e Betty Moore por meio do Grant GBMF13270.

Sobre o Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD)
A missão do Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD) é conectar teoria e prática para promover a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de recursos naturais e o bem-estar humano nos trópicos e além. O TCD é um programa de pesquisa e formação do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida, com 10 professores permanentes e aproximadamente 100 docentes afiliados em todo o campus. O programa tem uma longa trajetória de colaboração com organizações parceiras na Amazônia e de apoio a redes de profissionais de conservação comprometidos com o desenvolvimento sustentável.

Sobre a Fundação Gordon e Betty Moore
A Fundação Gordon e Betty Moore promove descobertas científicas, conservação ambiental e o caráter especial da região da Baía de São Francisco. Desde 2001, sua Iniciativa Andes-Amazônia ajudou a conservar mais de 400 milhões de hectares na Amazônia. Até 2031, a iniciativa pretende garantir que 70% do bioma amazônico (cobertura florestal) e os ecossistemas de água doce que o sustentam estejam sob gestão e conservação eficazes. Visite Moore.org e siga @MooreFound para saber mais.

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