De 28 a 31 de maio de 2025, a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS) do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), em Nazaré Paulista, Brasil, sediou a oficina internacional “Sociobioeconomias e Finanças para a Conservação na Amazônia.” O evento marcou o lançamento oficial do projeto “O Poder das Conexões: Colhendo Lições e Fortalecendo Coalizões para a Conservação Amazônica”, liderado pelo Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD) da Universidade da Flórida e apoiado pela Fundação Gordon e Betty Moore.
Ao longo de quatro dias, lideranças indígenas, pesquisadores, representantes de organizações de base, ONGs, setor privado e universidades representando os países Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Suriname e Estados Unidos se reuniram para compartilhar experiências, estratégias e desafios de seus respectivos territórios e países. O evento teve como objetivo fomentar alianças intersetoriais e transfronteiriças, construir uma agenda compartilhada de conservação pan-amazônica e avançar soluções sociobioeconômicas baseadas no conhecimento e na diversidade das experiências vividas.
Participantes da oficina e atividades desenvolvidas Foto: Leandro Cagiano.
Karen Kainer, professora da Universidade da Flórida e uma das coordenadoras do projeto, destacou a força coletiva dos participantes. “A amplitude e profundidade coletiva das experiências dos participantes foi surpreendente, desde líderes de ONGs com longa trajetória até lideranças comunitárias empreendedoras, inovadoras no setor privado e aqueles envolvidos no financiamento de iniciativas de conservação orientadas para o mercado. Foi um grupo diverso de líderes criativos de cinco países amazônicos compartilhando sua sabedoria conquistada com muito esforço e demonstrando seu compromisso inabalável em catalisar sociobioeconomias duradouras.”
Segundo ela, esta oficina marca o início de um processo colaborativo mais amplo e de longo prazo liderado pelo TCD. “Aproveitando parcerias de campo profundas cultivadas ao longo de décadas tanto pela Fundação Moore quanto pelo TCD, este primeiro de vários encontros iterativos dá início a um processo de um ano para fortalecer redes, promover intercâmbio intergeracional de lições aprendidas e traçar um caminho estratégico para a Amazônia.”
Para muitos participantes, a oficina representou um ponto de virada na construção de redes interculturais duradouras. Floriana Breyer, mestre pela ESCAS/IPÊ e diretora fundadora do BiodiversasLab, enfatizou a importância de investir em conexões como motor de transformação. “Estou contagiada de muitas expectativas. Ficou muito claro para mim que estamos fortalecendo a formação de uma rede latino-americana e pan-amazônica que nos permitirá continuar trocando experiências. O intercâmbio cultural e a inovação baseada no conhecimento são fundamentais para destravar transformações mais profundas e eficazes e para superar os desafios das sociobioeconomias e muitos outros. Com conhecimento, a gente vai longe”, afirmou.
Esse sentimento de conexão duradoura também foi compartilhado por Mayra Esseboom, pesquisadora do Centro de Pesquisa Agrícola do Suriname e integrante do programa Fulbright Amazonia. Com mais de 20 anos de experiência em desenvolvimento agrícola e florestal, Mayra atualmente pesquisa a sociobioeconomia do setor do açaí por meio de uma parceria com a Universidade de Brasília, ONGs locais e organizações representativas de comunidades indígenas e quilombolas.
“As conexões que fazemos aqui são muito maiores do que nós. Porque você volta para casa e sabe que conhece alguém do Brasil — ou agora eu, do Suriname — e talvez tenha alguém com as mesmas perguntas sobre o Suriname. Você pode dizer: ‘Eu conheço alguém do Suriname, pode entrar em contato com ela.’ As conexões são muito mais amplas e profundas do que todos nós imaginamos. Elas nos dão possibilidades para coisas maiores. E eu acredito que coisas maiores acontecerão”, disse ela.
O conceito de sociobioeconomias esteve no centro da discussão. Cláudio Pádua, cofundador do IPÊ, diretor da ESCAS e um dos coordenadores temáticos da oficina, destacou a importância de apoiar economias comunitárias que sustentam a floresta. “Queremos incentivar a criação de uma nova economia dentro das comunidades locais, para que as pessoas possam gerar renda de forma honesta e sustentável sem destruir a biodiversidade”, disse ele. “Nossa missão é criar conhecimento e ações práticas que melhorem a qualidade de vida das populações amazônicas e garantam a conservação.”
Suzana Pádua, presidente e cofundadora do IPÊ, enfatizou que o valor do evento esteve na disposição dos participantes em ir além das histórias de sucesso. “Foi um encontro inspirador. As pessoas estavam dispostas não apenas a compartilhar suas vitórias, mas também a falar com honestidade sobre os desafios e lições que aprenderam ao longo do caminho”, disse ela.
Este foi o primeiro de vários encontros planejados que aprofundarão colaborações e ajudarão a definir prioridades compartilhadas entre lideranças amazônicas. O processo de um ano culminará na Conferência Amazônica da UF, prevista para acontecer em 2026 na Universidade da Flórida. Mais do que uma oficina, O Poder das Conexões se consolidou como um espaço vivo de escuta, colaboração e esperança, onde pontes foram construídas não apenas entre países, mas também entre formas de saber, viver e imaginar o futuro da Amazônia..
Saiba mais sobre o projeto em: https://amazonconservationconnections.com/
Este projeto é financiado pela Gordon and Betty Moore Foundation por meio do Grant GBMF13270.
Sobre o Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical
A missão do Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical (TCD) é conectar teoria e prática para promover a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos e o bem-estar humano nos trópicos e além. O TCD é um programa de pesquisa e formação do Centro de Estudos Latino-Americanos, com 10 docentes principais e cerca de 100 docentes afiliados em todo o campus. O TCD tem uma longa trajetória de colaboração com organizações parceiras na Amazônia e de apoio a redes de profissionais da conservação dedicados ao desenvolvimento sustentável.
Sobre a Fundação Moore
A Fundação Gordon and Betty Moore promove a descoberta científica, a conservação ambiental e o caráter especial da região da Baía de São Francisco. Desde 2001, a Iniciativa Andes-Amazônia da Fundação Gordon and Betty Moore ajudou a conservar mais de 400 milhões de hectares na Amazônia. Até 2031, a iniciativa visa colocar 70% do bioma amazônico (cobertura florestal) e os ecossistemas de água doce que o sustentam sob gestão e conservação eficazes.
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